Os números são preocupantes e mostram bem a pertinência e a importância do trabalho de instituições como o CASA: A Europa tem quase um milhão de pessoas em situação de sem-abrigo, como revela o mais recente relatório da Feantsa, a Federação das Organizações Nacionais que Trabalham com Sem-Abrigo, da qual o CASA é membro.
O relatório sublinha que este número retrata apenas as “formas mais visíveis” das pessoas sem abrigo, revelando o fracasso dos países europeus em garantir a habitação como um direito fundamental.
Os dados foram recolhidos em vários países da União Europeia (UE) e no Reino Unido. No entanto, o relatório adverte que estes números trazem uma estimativa mínima, devido à indisponibilidade de dados em seis categorias utilizadas para caracterizar a população sem-abrigo, como por exemplo as pessoas em alojamentos de emergência e pessoas que residem temporariamente em habitações convencionais com familiares e amigos.
O diretor da Feantsa, Freek Spinnewijn, criticou a forma como a maioria dos governos europeus lida com os sem-abrigo: “A maioria dos governos na Europa continua a falhar com os sem-abrigo, a frustrar a população em geral e a desperdiçar recursos na gestão ineficaz do problema”, disse.
Europa tem quase um milhão de pessoas em situação de sem-abrigo, como revela o mais recente relatório da Feantsa, a Federação das Organizações Nacionais que Trabalham com Sem-Abrigo, da qual o CASA é membro
O relatório destacou também o compromisso da UE, assumido no ano passado, de combater o problema das pessoas em situação de sem-abrigo até 2030 . No entanto, observou que a questão tem vindo a agravar-se e apenas a Finlândia e a Dinamarca registaram progressos significativos nesta matéria.
Na Hungria, quase metade da população vive em habitações sobrelotadas, enquanto uma em cada oito famílias búlgaras não tem casa de banho. Quase um quinto da população francesa e um quarto dos inquilinos do Reino Unido vivem em habitações consideradas impróprias.
O relatório concluiu ainda que as condições de vida inadequadas afetaram quem tem casa própria, já que muitas vezes faltam recursos para manutenção e remodelações. De acordo com o Eurostat, o gabinete oficial de dados da UE, quase 20 milhões de pessoas em toda a UE enfrentaram “privação de habitação” em 2020, incluindo sobrelotação e condições de habitação inadequadas.
Em Portugal, que está em 6.º lugar na tabela dos países com maior percentagem de sem-abrigo, 25% da população vive em casas sem condições. O ranking de países com mais pessoas sem casa é liderado por França, seguindo-se a Alemanha, a Irlanda, a Chéquia e a Suécia, antes do nosso país.
